Ao atravessar a catraca, entusiasmada avistei dois lugares; ao segundo passo desconfiei. Havia pessoas de pé. Porque lugares vazios então? Para não parecer indelicada, com qualquer motivo que não pudesse sentar-me, resolvi disfarçar e fingir que não os vi. Não demorou muito, e veio a confirmação. Ouvi as vozes dizendo com nojo: Vomito!
O horário não permitirá trocar-me de ônibus. Prosseguir tentando não pensar o que a pessoa que vomitou tivesse comido, ou pior o motivo emocional que tivesse lhe causado tamanho mal estar. Observava pela janela, chovia copiosamente. Faltavam alguns quilômetros, quando resolvi ler Clarisse Lispector , quando ouvi uma voz gritar: - Batman eu não bebo cerveja, mas, bebo wisk! Que diabos alguém em sã consciência conversa com o Batman? Não pode ser uma pessoa normal, claro. Não contente, continuou: - eu não tenho irmã, nem irmão, sogro, nem sogra. Eu não tenho no total quatro pessoas! -Não pude acreditar naquilo que ouvia, porque ele não disse não tenho família, ao invés de especificar quem não tem e por fim contar como se eu não soubesse a soma. Absurdo!Mas interessante para um louco, devo admitir. A vontade de permanecer escutando era maior do que minha atenção ao livro.
Já estava para descer, na esperança de ouvir mais um absurdo... E ele gritou: - eu gosto de Mamonas Assassinas, moça! –e começou a cantar- “Subi a serra, me deixou no Boqueirão...” e foi quando eu desci, me rendendo aos risos.
Dayane F. Santos
(perdoe-me só os erros de portguês depois revejo)
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